A Grândola.
É indesmentível que os Portugueses
vivem a política como ninguém. Há medida que se vai ouvindo a “Grândola, Vila
Morena” mais evidente se torna que as pessoas sentem que têm direitos e,
sobretudo, memória do passado.
Dos tempos de estudante recordo,
com mágoa, a entrevista dada por uma pessoa que eu admirava e em que afirmava “que
se as pessoas conhecessem por dentro o que se passa em determinado partido ele
desapareceria”. Senti, na altura, que passando eu tantas e tantas noites (e
dias) a defender a causa, não era justo que nos misturassem a todos no mesmo
saco. Passados tantos anos, continuo a pensar da mesma maneira, na esperança de
que, a exemplo daqueles que cantam nas ruas a “Grândola, Vila Morena”, se arranjem
forças para correr com aqueles que fazem da mentira e da corrupção profissão.
Bem sei que é quase uma utopia afastar
dos partidos todos aqueles que lá se infiltram com o intuito de tirar
dividendos. É até repugnante ter de conviver com gente que desvia dinheiro do
erário público, em malabarismos que envolvem empresas públicas e pequenas associações
domésticas. Mas não podemos desistir!
No fundo, todos sentimos que
aqueles que mais possibilidades têm de defender a causa pública, mais se afastam:
ora por falta de paciência, ora por não se quererem imiscuir com “meia dúzia de
energúmenos” que mais não fazem do que se aproveitar do cargo que ocupam. Mas temos
de continuar a alimentar a esperança.
Há gente boa em tordos os
partidos políticos. O que nos separa é a forma de alcançar os ideais que
defendemos para a sociedade. E de uma coisa estou certo: qualquer que seja o
partido em que se milite devemos ter como ponto de honra afastar todos aqueles
que não são sérios e se aproveitam do cargo que ocupam para “encher os bolsos”.
É uma tarefa difícil, mas não
impossível. Basta pensar que ao consentirmos estamos a ser iguais, ou piores,
do que eles, para arranjar forças para continuar a lutar.
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